Gouveia e Melo acusa Seguro de ser "candidato nem-nem" e socialista diz que almirante é "indigno"

Henrique Gouveia e Melo e António José Seguro medem forças num debate esta noite, trocando acusações sobre a qualificação de ambos para o cargo de Presidente da República.

Mariana Ribeiro Soares, Ana Sofia Freitas - RTP /
Foto: José Fernandes - SIC

António José Seguro arrancou o debate atirando farpas ao seu opositor, afirmando que “precisamos de um presidente com experiência política, que não venha ao improviso”.

O almirante não deixou o socialista sem resposta, e acusou-o de não ser “um líder para os tempos modernos”. “Mário Soares disse-o há 11 anos. Disse que era inseguro e que os seus eleitores não deviam confiar em si”, declarou, acusando Seguro de ser um “candidato nem-nem”.

“Não é líder e também não é verdadeiramente independente”, atirou.

“A grande diferença entre nós é que eu não utilizo o poder para humilhar os meus subordinados como o senhor fez na Madeira, o que não o qualifica nem para candidato e muito menos para presidente”, respondeu Seguro.

Gouveia e Melo justifica-se, afirmando que a sua decisão naquela altura “parou o rastilho para as Forças Armadas” e afirma que se Seguro “não percebe isso não tem qualidades para ser comandante supremo das Forças Armadas”.

“Eu adapto-me às missões e às tarefas que temos. Já provei que tinha essa capacidade e provei-a nomeadamente na pandemia”, acrescentou, afirmando que quem vai avaliar a sua qualificação para o cargo são os portugueses.

Seguro continuou, acusando o almirante de ser inexperiente e “indigno”.

“O senhor tem todo o direito para se candidatar, mas uma coisa é o direito, outra é a experiência que o qualifica para desempenhar essa função”, declarou.

“Não vai para Belém dar ordens aos partidos. Que experiência tem de diálogo com os partidos e o Governo?”, questionou, criticando o almirante por ter apresentado a candidatura na última semana das legislativas: “Nem o tempo do Presidente o senhor sabe qual é”.

Os dois candidatos continuam com as críticas e Gouveia e Melo acusa António José Seguro de ser um “líder para a estagnação”.
A distinção da "The Economist"
Gouveia e Melo considera que a distinção representa sempre alguma esperança mas lembra que é "preciso ter uma economia com coesão para fazer uma transformação. Ter uma economia baseada no turismo pode fragilizar o país".

Para Antonio José Seguro "há pessoas que têm dificuldade em chegar ao final do mês, precisamos de uma economia competititva". "O estado social forte é importante mas é preciso criarmos riqueza. Precisamos de ter uma economia eficiente, robusta e um plano nacional para que as nossas empresas ganhem dimensao".
Questionado sobre o anuncio da salário minimo de 1600 euros
Gouveia e Melo desafia Luis Montenegro a dizer "como é que se chega lá e lembra que é muito "facil fazer declarações".

"Temos que resstruturar o estado e o presidente tem uma ferramenta muito importante que é a magistratura de influência", afirma.

Há convergência de opiniões relativamente à economia? Antonio José Seguro responde dizendo que "a política em Portugal tem de ser baseada mais em factos".
A Justiça
António José Seguro sublinha que "não gosta de ver devassa na praça pública. Quando há escutas na a praça pública a lei está a ser violada".

Se for eleito presidente, Seguro adianta que vai chamar o procurador para falar sobre os atuais procedimentos.

Gouveia e Melo entende que "não podemos cair num sistema de vigilância alargado, descontrolado e que retira confiança na justiça. Ao Ministério Público não basta dizer que não tem agenda, tem de parecer não ter". 

Seguro concorda dizendo que a "justiça precisa de obras". 
A Defesa
Relativamente à defesa, Gouveia e Melo aponta desde logo uma diferença em relação ao seu adversário. “Eu não sou europeísta. Eu sou um pé na Europa e um pé no Atlântico. Isso dá-nos liberdade estratégica e abre as opções”, disse.

Por sua vez, o socialista apontou outro ponto de discórdia em relação ao almirante. “Eu considero que Portugal deve continuar a fazer parte da NATO, mas devemos aumentar a nossa autonomia estratégica e aqui é uma divisão completa com Gouveia e Melo”, asseverou.

“Não temos de dar cabo de nenhuma aliança, mas temos de depender mais de nós próprios, temos de comprar europeu”, acrescentou.

Gouveia e Melo respondeu que “não disse que não devíamos aumentar a nossa autonomia estratégica” e afirma não haver “divisão nenhuma”.
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